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Como surgiram e como funcionam as áreas de escape para caminhões?

17 de junho de 2021

Muita gente, descendo uma serra, já viu um caminhão com os freios fumaçando. Essa fumaça é causada pelo excesso de temperatura do sistema, quando os freios são usados com muita frequência, ou quando o caminhoneiro fica pisando no freio por um tempo muito longo, sem que o caminhão pare totalmente.

Quando esse aquecimento passa dos 250ºC, a eficiência da frenagem vai sendo reduzida, devido ao atrito entre as lonas e os tambores ser cada vez menor. Além dos possíveis danos aos componentes do veículo, pelo excesso de calor, essa situação pode fazer com que os freios parem de funcionar por completo, e, apesar do motorista pisar no pedal, nenhuma desaceleração do veículo é notada.

Se isso acontecer em um trecho com declive, como uma serra, o risco é aumentado, pois, além de não frear, o caminhão pode ganhar velocidade. Sistemas de freio auxiliar, como o freio-motor e o freio retarder podem não ser suficientes para segurar o caminhão, e o risco de acontecer um acidente é grande.

Para reduzir o risco de um acidente se tudo der errado para o caminhoneiro parar seu veículo, foram criadas as áreas de escape. Fontes citam que a ideia surgiu entre as décadas de 1950 e 1960, nos Estados Unidos. Nessa época, começaram a surgir caminhões cada vez maiores e mais pesados, rodando por longas estradas, praticamente de costa a costa dos EUA, passando por trechos montanhosos.

A ideia inicial foi a criação de uma rampa de escape, com elevação contrária ao da via, mas com uma inclinação maior. Nos anos 1980, mais de 170 rampas do tipo já funcionavam nos Estados Unidos. De acordo com a NHTSA (Administração Nacional de Segurança de Tráfego Rodoviário dos EUA), mais de 2.150 acidente foram evitados, graças aos dispositivos, no ano de 1981.

Depois, surgiram outros tipos de dispositivos, como as caixas de brita e também um sistema com uma cerca de cabos de aço acoplados a um sistema elástico, que o caminhão bate e desacelera. Esse último é o mais custoso dos três sistemas, e tem uma manutenção muito cara.

A área de escape em rampa permite uma desaceleração rápida do caminhão se o ângulo for suficientemente acentuado, mas, se o caminhoneiro não conseguir parar o caminhão, ele pode voltar descontrolado de ré. Também, se a velocidade do caminhão for alta demais, ele pode ultrapassar o limite da rampa.

Por isso, muitas dessas rampas tem galões de água e até muros no final da pista, para evitar que o caminhão possa cair em um abismo.

Considerado o melhor sistema, a caixa de brita para o veículo de forma mais eficiente, evitando grande danos e permitindo que o veículo volte a rodar poucas horas depois de usar o sistema.

Esse tipo de área de escape consiste em uma caixa, cheia de cascalho, pedregulho, pedras britas, argila expandida (cinesita) ou outros tipos de materiais.

Quando um caminhão sem freio acessa esse local, as rodas afundam rapidamente, e a parte inferior do veículo, como eixos, suspensão e chassi passam a ter atrito com o material da caixa, geralmente parando em poucos metros. A potência total de desaceleração de uma área de escape desse tipo pode ser superior aos 4 mil cavalos.

Depois de entrar em uma caixa de brita, o caminhão só consegue sair com auxílio de guinchos, e vai precisar passar por uma revisão antes de voltar a rodar, já que a entrada na área de escape e o atrito com o material interno da caixa pode danificar o tanque de combustível, tanques de ar, a parte inferior do motor.

Geralmente, esses danos são mínimos, mas podem acontecer, dependendo da velocidade, do peso e de outros fatores, como o tipo de material de atrito dentro da caixa de brita.

Aqui no Brasil, boa parte das áreas de escape usam argila expandida (cinesita), um material leve e barato, que evita a maioria dos danos aos caminhões.

Uma questão importante é que a área de escape só pode ser usada por um caminhão por vez. Se houver um caminhão dentro do dispositivo, um segundo veículo não poderá entrar, pois pode colocar em risco as equipes de resgate da rodovia, que atendem a primeira ocorrência. Uma entrada desse tipo, com dois caminhões, já foi registrada no Brasil.

O custo de instalação de uma área de escape do tipo caixa de brita gira em torno de R$ 15 milhões.

Fonte: ABTLP