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Conheça a gasolina feita sem petróleo que pode salvar motores a combustão

18 de maio de 2020

Alguns países europeus anunciaram recentemente planos para banir os motores movidos a combustíveis fósseis em um futuro não muito distante.

Não há dúvida de que movimento rumo ao transporte mais limpo, com limites cada vez mais rígidos quanto às emissões de poluentes, passa pela eletrificação. Porém, essa não é a única alternativa no horizonte.

Montadoras e outras empresas relacionadas à mobilidade acreditam que o motor a combustão interna, literalmente, tem ainda muito combustível para queimar. Porém, esse combustível precisa ser sustentável, produzido a partir de fontes renováveis.

No Brasil, temos o etanol. A cana-de-açúcar com a qual ele é fabricado compensa as emissões de CO2 por meio da fotossíntese – que converte o gás causador do efeito estufa em oxigênio.

Os combustíveis sintéticos, cujo desenvolvimento tem avançado sobretudo na Alemanha, são outra alternativa: são produzidos sem petróleo, utilizando como matéria-prima água e o próprio dióxido de carbono disponível na atmosfera.

Até a McLaren
Empresas como Audi e Bosch têm investido nessa tecnologia, que também está nos planos da McLaren para seus carros esportivos, segundo a publicação britânica “Autocar” noticiou no mês passado.

De acordo com Everton Lopes, mentor de tecnologia da SAE Brasil, os combustíveis sintéticos têm a vantagem, como o etanol, de “neutralizarem” o carbono resultante de sua queima, além de aproveitarem a infraestrutura de abastecimento.

Também conhecidos como e-fuel, podem ser extraídos na forma de gasolina ou diesel e, portanto, não exigem alterações nos motores atuais que utilizam a versão fóssil desses combustíveis.

“O combustível sintético já era usado pela Alemanha na época da Segunda Guerra Mundial e desde então as pesquisas têm evoluído. Porém, sua extração ainda é muito cara na comparação com o petróleo, que ainda é muito mais fácil e barato de obter e refinar”, explica o especialista.

A Audi, que nomeou seu produto como “e-benzina”, diz que o líquido emite menos poluentes e permite taxas maiores de compressão, para maior performance.

Hidrogênio: combustível do futuro?
A fabricação do e-fuel começa em um processo físico-químico chamado de hidrólise, que retira o hidrogênio da água para posterior combinação com o CO2. O gás resultante depois é utilizado para produzir cadeias de hidrocarbonetos que vão se tornar combustível líquido.

“O desafio é a grande quantidade de energia elétrica necessária para separar o hidrogênio presente na água. Essa energia deve preferencialmente ser de origem limpa, como solar, eólica ou de hidrelétricas”, pontua Lopes.

O hidrogênio, que também pode ser extraído do gás natural, é a grande aposta de países como a Alemanha para renovar sua matriz energética – apesar dos desafios para obtê-lo.

Além de servir para sintetizar combustível líquido, o hidrogênio também é visto como alternativa às caras e pesadas baterias de veículos a propulsão elétrica. Por meio das chamadas célula de combustível, incorporadas a automóveis, o gás é utilizado para gerar a eletricidade necessária para a propulsão das rodas.

Modelos como o Toyota Mirai, comercializado no Japão, já trazem essa tecnologia e são abastecidos com hidrogênio.